A inadimplência não é um desafio exclusivo das famílias brasileiras, pois também afeta as empresas do país. O não pagamento de dívidas por parte das empresas é um problema significativo que pode ter consequências graves para a saúde financeira e operacional.
Assim como ocorre com as famílias, as empresas brasileiras estão enfrentando uma alta taxa de inadimplência, atingindo recordes consecutivos. Conforme revelado em um levantamento divulgado pela Serasa Experian, nesta quarta-feira (24), somente no mês de abril, mais de 6,5 milhões de empreendimentos no país estão com restrições financeiras.
Levantamento do Serasa aponta crescimento de inadimplência
De acordo com um estudo recente divulgado pela Serasa Experian, foi constatado que no mês de abril houve um número alarmante de mais de 6,5 milhões de empreendimentos no Brasil com restrições financeiras. Dentre essas empresas, cerca de 5,76 milhões são micro e pequenas empresas, acumulando um montante de dívidas que chega a R$ 94,5 bilhões.
Esses números são preocupantes, considerando que o total de débitos empresariais atinge a cifra de R$ 117,5 bilhões. Esses dados indicam que, em média, cada CNPJ corresponde a aproximadamente sete contas com algum tipo de restrição financeira.
O número de inadimplências registrado no último mês atingiu um marco histórico, sendo o mais alto desde o início da série histórica em 2016. Em comparação com o mês anterior, houve um aumento de 0,4%, e em relação ao mesmo período do ano anterior, o crescimento foi de 6,4%.
Diante dessa onda de empresas com restrições financeiras, o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, explicou que “com o aumento do custo dos insumos, taxas de juros elevadas e a falta de incentivos ao consumo, as empresas estão com dificuldades para melhorar seu fluxo de caixa, o que torna o pagamento de dívidas inviável para os proprietários de negócios”.
De acordo com os principais bancos do país, enquanto a inadimplência no segmento de Pessoa Física mostra sinais de estabilização, espera-se uma normalização gradual no âmbito empresarial nos próximos trimestres.
Dentre os setores analisados, o setor de serviços é o que apresenta a situação mais grave, com 54% das empresas enfrentando restrições financeiras. Em seguida, vem o setor do comércio, com 37%, e, em uma proporção muito menor, a indústria, com 7,7% do total de empresas afetadas.
Em relação aos estados brasileiros, São Paulo, como principal motor econômico do país, registra o maior número de empresas inadimplentes, com mais de 2 milhões de negativadas.
Em seguida, destacam-se Minas Gerais, com 605.912 empresas nessa situação, o Rio de Janeiro, com 584.912, o Paraná, com 413.648, o Rio Grande do Sul, com 384.021, e a Bahia, com 338.170. Esses números demonstram a amplitude do problema da inadimplência empresarial em diferentes regiões do Brasil.
Grandes desafios para empresas brasileiras
Diante do cenário desfavorável, Luiz Rabi destaca que os empreendedores ainda enfrentam desafios significativos. Ele ressalta que fatores como a inflação e a taxa Selic afetam o poder de compra dos consumidores.
Além disso, o aumento dos custos dos insumos e as altas taxas de juros limitam o crescimento do fluxo de caixa das empresas, tornando o pagamento de dívidas inviável para os proprietários de negócios.
A análise do economista permanece a mesma, apontando para a persistência desses obstáculos que impactam diretamente os empreendedores. No setor agropecuário, a situação não difere muito, pois aproximadamente três em cada dez produtores rurais estão enfrentando problemas de inadimplência.
Isso reflete as dificuldades que os agricultores e pecuaristas estão enfrentando no atual contexto econômico, afetados por diversos fatores que comprometem sua capacidade de honrar suas obrigações financeiras.
Saiba como as empresas podem sair da inadimplência
Para que as empresas possam sair da situação de inadimplência, é importante adotar algumas medidas estratégicas. Primeiramente, é necessário realizar uma análise minuciosa da situação financeira da empresa, identificando as dívidas pendentes e avaliando as opções disponíveis.
Em seguida, é essencial elaborar um plano de ação para reorganizar as finanças, buscando reduzir despesas, renegociar prazos e condições de pagamento com credores e priorizar o pagamento das dívidas mais urgentes.
Além disso, é fundamental melhorar a gestão financeira da empresa, estabelecendo um controle rigoroso dos fluxos de caixa, monitorando receitas e despesas, e estabelecendo metas e prazos para a quitação das dívidas.
Também é recomendado buscar alternativas para aumentar a geração de receitas, como a diversificação de produtos ou serviços, a busca por novos clientes ou a ampliação do mercado de atuação.